Em 1995 foi comemorado o Tricentenario.
TEMPO DE ESCRAVIDÃO
Houve-se um tempo de escravidão, onde ser escravo era um sofrimento, trabalhava-se e ao final do mês não se recebia salários, após a conclusão de cada tarefa, pernoitava-se em barracões sem cama nem rede. A nutrição era feijão, farinha e peixe, regulados em dias de santo padroeiro as coisas melhoravam, em cima do angu vinham miúdos de boi.
Escravo que desagradasse ao feitor da fazenda recebia palmatórias e chicotadas. Feitor sinônimo capataz.
Tudo para a alta produção da cana de açúcar consumida pelos europeus. O Brasil então se tornara um grande canavial. O escravo era quem plantava e colhia. Como não havia caminhões, o transporte da cana era feito por carros de bois, que eram conduzidos pelos escravos e tomando as devidas precauções para que a carga não caísse, e se caísse o capataz dava o devido trato.
A moenda para espremer a cana era do trabalho do escravo, em alguns poucos engenhos possuía-se, outros sistemas como a utilização de bois ou da água corrente. Feito o melaço, o escravo enchiam-se os tachos.
Olhando da varanda da fazenda, era tudo lindo de se ver o canavial todo verde que o vento da tarde fazia ondular como um grande mar verde. De perto o escravo vivenciava o inferno para manutenção deste.
PALMARES
Todo momento um escravo fugia, se índio fosse era muito difícil trazê-lo de volta, eram nativos e conheciam a vegetação como a palma de sua mão, havia-se também parentes e amigos. Os capatazes bem afiavam seus chicotes, mas desistiam: Um índio sumiu no DESERTÃO. Em outros tempos diziam: o índio sumiu no SERTÃO.
O escravo negro, trazido da ÁFRICA pelo pescoço, não conheciam a terra, e seus parentes e amigos estavam a léguas de distancia, pode se observar a distancia olhando um mapa! Quando fugiam e eram recuperados, sofriam vários maus tratos na mão dos capatazes. Que dizia um dia da caça outro do caçador.
Até que, no sul de Pernambuco, quarenta se juntaram para fugir. Imagine o prejuízo e irá que este senhor do engenho teve que engolir. Os fugitivos caminharam léguas e léguas, e chegaram a uma serra de muitas palmeiras. Onde havia um rio largo e pedregoso, e para o bem destes não se via nenhum canavial, resolveram acampar. Esse então foi o começo de Palmares datado do ano de 1957.
GANGA ZUMBA
Palmares cresceu, após os quarentas vieram cem, trezentos, quinhentos, mil. Aquele que conseguisse fugir sabia para onde ir. Fosse negro, ou índio. Nem sempre chegavam, poderia se errar a direção, ingerir o que não se deveria, ou enfrentar uma jaguatirica. Chegando lá em condições estava-se livre.
Os senhores do engenho e o queridíssimo governo não se conformavam com Palmares. Quase todo ano mandavam uma expedição atacar a cidade dos negros e índios. Os moradores de palmares muitas vezes se viam obrigados a abandonar as casas e esconder-se no fundo do mato. Antes das expedições saírem para atacá-los, algumas vezes sabia-se do ataque.
Eram alertados por negros que nas proximidades e mandavam avisar: o dia e a hora que o inimigo sairia. Espiões, alguns comerciantes brancos também avisavam, pois faziam negócios como a venda de pólvora e sal aos palmarinos. Não iam perder seu lucro.
O chefe de Palmares se chamava Ganga Zumba. Ganga, em língua quimbundo, falada na ÁFRICA, quer dizer rei. Zumba era seu nome próprio, sujeito corpulento, mas suave e esperto. Eram muitas aldeias (mocambos) espalhadas em Palmares, ele o organizou num governo só.
O conjunto de mocambos era chamado Quilombo dos Palmares, havia-se ministro, embaixadores, polícia, julgamento, capela e pagavam-se impostos. Não havia escolas, trabalho de casa ou castigo. Aprendia vendo e imitando os adultos. Seus professores era quem estivesse perto na hora, aprendia a plantar, a fazer arapuca, laçar capivara, a contar história e usar a lança.
Escrita não era de precisão, ninguém se comunicava por escritos. Recados para longe, utilizava-se tambores. Gastava-se o tempo desenhando, inventando calungas de barro, dançando e cantando.
ZUMBI
Um dia certa expedição inimiga entrou em mocambo, desceu o pau queimou casas, degolou crianças e velhos. Um menino de meses escapou de morrer. Chegando a Porto Calvo, o comandante deu a criatura de presente a um padre. O destino é caprichoso. Esse era pai e mãe do órfãozinho, comprou-lhe uma escrava para amamentá-lo.
O nome dado pelo padre era Francisco, pois era manso e inteligente como o santo que conversava com passarinhos. Francisco torna-se coroinha, e muitos diziam sobre o padre pelas costa: Onde já se viu Lugar de preto é na senzala. O padre não se deixava impressionar, e lhe ensinou matemática, histórias da Bíblia e latim, que falava sem problemas aos dez anos de idade.
Com quinze anos Francisco era retinto, estatura baixa e magra. Certa noite toma a benção do padre, e eles combinaram tarefas para o dia seguinte, cada um para seu quarto. Na manhã seguinte o padre estranhou não ver o menino Francisco de pé, estaria doente? Sua rede estava vazia e a janela aberta. O padre sentiu tristeza, mas não se preocupou. Pois sabia para onde Francisco havia ido.
ZUMBI CHEGA A PALMARES
Francisco andou vinte léguas sem parar. Uma légua é correspondente a seis quilômetros. Chegando a Palmares, Francisco troca seu nome, e resolve se chamar ZUMBI. Não tendo nenhum parente, adotou uma família. Escolhendo tios, tias e irmãos. Aos dezenove anos era chefe de um mocambo. Palmares eram vários mocambos, espalhados numa região enorme. Cada mocambo tinha o seu chefe.
Seu grande conhecimento de estratégia de guerra, o fez imediatamente comandante das armas. Como o ministro da guerra de hoje. O mais jovem general da história brasileira. Em algumas de suas jornadas houve algumas baixas em batalhas. As armas utilizadas eram espingardas a cada tiro tinha de socar pólvora, o que demorava e o inimigo fugia. Então se deu preferência ao uso de flecha envenenada, a lança e a espada. Na falta deles paus, pedras e água fervendo também eram de grande serventia Eram feitos buracos com espetos disfarçados com galhos. Os índios rachavam a cabeça com dos inimigos com um porrete de maçaranduba, utilizam também Bordunas, semelhante ao tacape, mas é outra coisa. Zumbi se tornou então doutor na guerra do mato ou atualmente guerrilha. O segredo era atacar e sumir, atacar e sumir.
GANGA ZUMBA SAI DA LUTA
O cansaço de Portugal em suas derrotas fez com que o governador de Pernambuco e os fazendeiros chamassem a Ganga Zumba, e disse atenda a alguns pedidos dele, mas acabe com essa guerra. Ganga Zumba chega num cavalo de raça, nunca se havia visto aquilo. Seus ministros possuíam barbas trançadas, e olhavam os políticos brancos de cima para baixo. Bem alimentados e bem vestidos. Enquanto os pobres de Recife, magros e mal vestidos, amontoavam-se na porta do palácio para admirá-lo.
O tratado foi
1° - Os pretos e índios nascidos em Palmares ficavam livres
2° - Os que tivessem fugido para lá teriam de voltar a seus donos.
3° - Os que aceitassem essa combinação passavam a serem súditos do rei de Portugal. Ou seja, obedeceriam ao rei e receberiam sua proteção.
4° - Esses que aceitassem receberiam terras para viver e trabalhar.
5° - Ficava permitido o comércio entre Palmares e as cidades vizinhas.
Ganga Zumba volta a Palmares para tomar as providencias.
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